Dia que se repete
acaba
Fiquei na fila do silêncio
tantas pequenas coisas que não fiz
Ainda inverno aqui
faz muito frio
fome do dia que não aconteceu
fico a querer culpar a chuva
fina que nem ruído fez
Nem vi o céu
de tanto cinza
foi o entardecer
Fechei venezianas acendi luzes
cresceu a luz na sala
Reverso
cinzenta noite repetida ruma
e essa voz quase inaudível abismo
fala comigo
escuto som das pedras no quintal
nenhuma voz escapa
e me encontro
nessa não palavra
Agosto, 24 de 2013
O inventário de nossos silêncios, por vêzes, nos parece inevitável. E encontrar-se em uma não-palavra, quem sabe, o nobilite.
ResponderExcluirTua percepção é mesmo uma dádiva, Marlene. Meu abraço com carinho,
André
Muito lindo teu poema, Marlene!
ResponderExcluirBeijo.
Muito bom. E sábado sempre foi meu dia eleito.
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