terça-feira, 29 de março de 2011


Teceduras


O vento destroçou

a teia da aranha

Indiferente


tece, recria

com calma

tudo novamente


Olho a aranha

teço palavras

sonâmbula


fixo no papel


De sonho vazia


(Imagem: Aquarela de Marlene Edir Severino)

Março, 29 de 2011

sábado, 26 de março de 2011

Desvanecido Instante

Cada gota de tinta
diluída em água
absorvida no papel
tatuada
funde-se ao silêncio
quebrado
em cada palavra teclada.

Limite da palavra
ilimitado pensamento
tinta desordenada
rompe limites do papel

invisível fala
silenciada em cada tom
da aguada

instante quase sem som

traduz
gota a gota de tinta
palavra por palavra

desvanece
o instante

sem traduzir este silêncio...

(Imagem: aquarela de Marlene Edir Severino)
Março, 26 de 2011- 22h05

segunda-feira, 21 de março de 2011

Avesso

Esboço traço

traçado,
à tona
meu avesso.
(Imagem: aquarela de Marlene Edir Severino)
Março, 21 de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cacto


A voz da tua boca
a cuspir palavras
vãs,
ambíguas,
ásperas, curtas,
sulfúricas:

espinho de cacto
da tua língua

de trapo.
Arremedo de presença.
Míngua.

Lua minguante no céu.


(Aquarela de marlene edir severino)
Março, 9 de 2011

domingo, 6 de março de 2011

Oquidões



Desordenado vento
revolto e obscuro a quebrar silêncios,
instabilizar oquidões,
salpico de hesitantes abismos.

Levou em turbilhão
poeira de estrelas,
turmalina de olhos marejados,
olho d’água,
redemoinhos, remansos,
fragmentos,
volúpia de ambíguo deleite.

De sonhos de montanhas
a pés fincados no chão:
rudeza do óbvio,
atalho de ilusório acorde
ampliado de tua imaginada voz
tingida de arco-íris.

Na tarde esvaecida, sei tão pouco,
de cigarras secas, de dança de folhas
movimento de avencas,
código das pedras.

E fico quase nada.

(imagem: aquarela de marlene edir severino)
Março, 6 de 2011