segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Quase Tato, Sentir




Falar,
pode ser
dizer menos,

quase tato,
pode ser
sentir

o sutil
nas palavras
que vestem
vocábulos

com um tanto
de luz!


(Imagem: aquarela de Marlene Edir Severino)
Setembro, 26 de 2011

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Certeza




Apenas uma porta que bateu com o vento
porque a esqueci aberta,
talvez a espera, na viagem que fiz
olhando a rua através da janela:
velho hábito antes de dormir,
conferir se o portão ficou mesmo fechado,

deixei o texto inacabado,
mas pude assim
constatar mais uma vez a solidão da rua deserta,
quando o vento livremente dela se apossa
a varrer as folhas, algum papel deixado,
todo cisco,
até mesmo alguma marca de anônimo passo

(ficou algum vestígio dos meus passos?)

Mas o vento ainda é frio
e já quase primavera,
antes de fechar a porta, a janela,
olho o céu pintado de luzes,
espalhadas estrelas parece que me contam de ti
e dos faróis de um solitário carro na rodovia,
esquecida, fico a imaginar a tua madrugada.

A lua é cheia, nem percebera
e o vento secou todas as poças d’água da calçada.

Deixo o eco de tudo lá fora
Quem sabe vá bater no opaco vidro da tua redoma,
cada vez mais tênue fica tua imagem
e a minha
certamente de ti já se dissipou.

Fecho a janela
e retorno a minha mesa.
Anônima,
retomo meu poema, minha falta de rotina,
toco a vida, falo pra mim mesma:
- não poderia mesmo ser de outro jeito!

Tento convencer-me disso
antes de dormir.


(Imagem:Aquarela de Marlene Edir Severino)
Setembro, 13 de 2011

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Pomar Adormecido






Num lapso de tempo
encurtadas distâncias,
riscadas as fronteiras
do mapa,

trocados poemas:
mercadores de coloridas asas,
em alçados voos.

Indiferenças, vagos horizontes,
nem sinais de primavera,
do outono passado, alguma cicatriz

no tronco podado, leve traço
e o pomar está adormecido,
asas de vidro, vazios os ninhos,

nenhum pássaro.

(Imagem:aquarela de Marlene Edir Severino)
Setembro, 2 de 2011