terça-feira, 21 de junho de 2011

Fel





É madrugada,
a rua dorme,
tanta quietude não me deixa dormir.

Arde vida
debaixo de cada palavra
que escrevo,
fica pulsando
em mim,

e nesse instante
quero que fique presa,
assim me desobrigo
do que não vou dizer
melhor que este silêncio.

E sorvo a inutilidade,
a não-palavra:
seca, vazia,
arestas,
quinas,
fel

da língua.

(Imagem: Aquarela de Marlene Edir Severino)
Março, 29 de 2011

5 comentários:

  1. A madrugada é sempre companheira da poesia, beijos.

    ResponderExcluir
  2. Marlene...por debaixo de cada palavra sua há chamas, sim. Uma delícia ler vc!
    Beijos,

    ResponderExcluir
  3. a não-palavra é o ruído do silêncio. provar do fel às vezes é necessário.

    é sempre bom poder viajar em tuas palavras, amiga.

    beijo.

    ResponderExcluir
  4. retrato das minhas noites insones
    das minhas fomes solenes
    minhas insônias de pensamento
    onde o momento me traz o breu
    um lugar no seu
    onde meus olhos abertos
    são frestas e túneis
    pra dentro de mim
    sem fim.

    Meu carinho, querida.
    Sempre com suas pinturas lindas e versos espetaculares.
    saudades daqui.
    Meu carinho sempre
    Samara Bassi

    ResponderExcluir
  5. Como foi bom passear por este belo poema.
    Grande abraço

    ResponderExcluir