quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mastigar Silêncios



Se é ausência
não sei

mas conheço bem
o vazio
da hora
no instante parado
cerimonioso
em que o dia termina

Nenhum som
sai da boca
nem palavra alguma
no preto da tinta
sobre o papel

nem promessa

habita
esse silêncio


Depois da cinza
remexida
sem viço a terra
fica

nenhum poema
brotou

(Imagem: fotografia de Marlene Edir Severino)
Abril, 04 de 2012



6 comentários:

  1. Também conheço esses vazios, mas do seu vazio brotou um poema repleto de sentido! Bjs e uma linda Páscoa!

    ResponderExcluir
  2. Linda poesia, que fala de terreno tão árido... Parabéns e um grande beijo

    ResponderExcluir
  3. a terra queimada sugere a cinza no interior do olhar, mas por debaixo das imagens adiadas, o poema prepara a sua explosão em tons de primavera. assim se faz a sementeira poética.

    beijinho, marlene!

    ResponderExcluir
  4. Apenas a vontade
    ficou (?)

    Adorei o poema,
    deslizante e
    encantador!

    Estou a segui-la.

    ResponderExcluir
  5. Tenho para mim que, no instante em que finda o dia e começa a noite, existe um momento, ainda que muito breve, em que se vislumbra um nadinha de nudez das coisas. Apenas um momento, um momento muito breve...

    Beijo :)

    ResponderExcluir
  6. a silêncio assim, que custa...

    beijinho

    ResponderExcluir