
É madrugada,
a rua dorme,
tanta quietude não me deixa dormir.
Arde vida
debaixo de cada palavra
que escrevo,
fica pulsando
em mim,
e nesse instante
quero que fique presa,
assim me desobrigo
do que não vou dizer
melhor que este silêncio.
E sorvo a inutilidade,
a não-palavra:
seca, vazia,
arestas,
quinas,
fel
da língua.
(Imagem: Aquarela de Marlene Edir Severino)
Março, 29 de 2011